A Quadra Perfeita
Confesso-me obcecado pela ideia de dar a possível continuidade a este tema da quadra perfeita.
Falo em possível continuidade, porque ponho de parte, em absoluto, a hipótese de tentar, eu próprio, rabiscar uma quadra que se aproxime deste modelo.
Falta-me tudo para me dar à ousadia de sequer tentá-lo. Experiência, inspiração, talento.
Mas não desisto de procurar outros exemplos, entre a numerosa produção poética da literatura portuguesa.
Embora sem referir todos os atributos da quadra de José Gomes Ferreira que, dias atrás, no Ventilhador apresentei como modelo, convém deixar claro que me circunscrevo a quadras de 5 sílabas e com todas as combinações de rima possível, a chamada redondilha menor.
Como esta, justamente considerada exemplar, de Fernando Pessoa:
Com que ânsia tão raiva
Quero aquele outrora!
E eu era feliz? Não sei:
Fui-o outrora agora.
Nota final: Os mais atentos (poucos, pouquísimos, claro) hão-de notar que o próprio Gomes Ferreira faz uma citação indirecta desta quadra, na carta a Fernando Lopes Graça.