O ridículo tornado risível
Cavaco Silva está-se (estava-se?) aproximando de um estatuto semelhante. Mas em relação à seriedade e fundamentação, sempre pressuposta e nunca necessitada de reconfirmação posterior, de todas as opiniões que emitia nos domínios, directa ou indirectamente, ligados à sua especialização.
Mas, ontem, teve azar.
Francisco Louçã atreveu-se a considerar ridícula, e mais ainda a ridicularizá-la de facto, como o momento mais alto de humor do debate, a hipótese, adiantada por Cavaco, de os portugueses ficarem em minoria em Portugal, mercê de leis excessivamente facilitadoras da nacionalização, por causa de uma súbita avalanche de emigrantes ilegais.
Só faltou ouvirem-se as trombetas das gargalhadas, que Eça de Queiroz evocava como meio de fazer ruir as muralhas da cidade bíblica.
No rosto de Cavaco, o efeito da chacota de Louçã teve assomos de trombeta bíblica que tivesse rebaixado Cavaco ao nível de colaborador da contra-informação.
E com esta marca ficou até ao fim do debate.