Onde se prova que não é só visita de médico que mata
É da obra cuja capa se mostra acima, a seguinte história,
contada pelo antigo Arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva:
"Já não sei porquê veio à baila uma grada figura da Igreja, picaroto de nascimento e oriental de missão, que eu conheci pessoalmente e bem, durante o meu «intermezzo açoriano» a quando de duas visitas à Candelária, sua terra e à Horta onde, no «Amor da Pátria», velha sociedade de origem maçónica, fora fazer curiosíssima conferência sobre o Oriente.
Era o D. José da Costa Nunes, então, salvo erro, Bispo de Macau e depois Patriarca das índias e Vice-Camerlengo, na Santa-Sé.
E disse ao antístite bracarense o quanto me tinham impressionado a inteligência e o poder de comunicação de Costa Nunes com a sua fala aos borbotões de cristal clareza a que não era estranha a imponência da sua figura onde nem faltava o majestoso grisalho de umas belas barbas.
E logo senti, no interlocutor, um «nihil obstat» que abriu portas.
E a conversa continuou com as palavras do murtoseiro senhor, em ágora de á-vontade:
- Sabe uma coisa que com ele se passou?
É de tradição, na Cúria Romana, que quando um Cardeal -já o era, então, D. José da Costa Nunes-está doente e é visitado pelo Papa, o Cardeal morre.
O D. José estava gravemente enfermo e sabendo da intenção do Santo Padre o visitar, logo delicadamente lhe mandou pedir que não fosse.
Não valeria a pena incomodar-se.
O Papa, certamente sorrindo ante o pedido, não foi e o D. José escapou daquela.
Passados tempos, nova maleita, desta vez mais grave e o Papa foi, tão querido lhe era o santo homem da Candelária do Pico.
E, desta vez, lá foi o D. José da Costa Nunes para os anjinhos, onde por certo, teria merecido lugar para o eterno descanso."