Ainda... mais coragem à portuguesa (II)
A última entrada com este título está "pendurada" no blogue há mais de uma semana, apenas como consequência da pausa "bloguística, que senti necessidade de fazer por estes dias outonais.
É possível, porém, que alguém não tenha percebido com facilidade, nem mesmo no olhar demorado de uma semana, a ligação entre o título e o texto de Marcelo Caetano.
Tanto mais que a singular coragem ... à portuguesa, a que o título faz referência está principalmente na resposta do "Meu Caro Valadão", então Presidente da RTP, do que no texto do próprio Marcelo.
Mas a resposta daquele, ainda vai ficar para a entrada seguinte.
A verdade, porém, é que o texto do próprio Marcelo tem, em si mesmo, suficientes manifestações daquilo que, eufemisticamente, se pode apodar de (um certo tipo de) coragem à portuguesa.
Em primeiro lugar, a coragem reiterada do Presidente do Conselho de lembrar repetidamente ao Presidente da RTP que a principal função do telejornal é servir o governo e não informar os espectadores.
Em segundo lugar, neste contexto de um telejornal para papaguear notas da Direcção Geral de Segurança, a coragem de vir falar em "negação do jornalismo televisivo".
É preciso, realmente, ter... muita coragem!
Provavelmente, a única manifestação de "jornalismo televisivo" autêntico que ocorreu naquela noite "jornalística"de leitura da nota da DGD sobre um atentado bombista, foi o àparte do jornalista que ficou cravado na garganta de Marcelo!
Anote-se, ainda, a coragem do juízo de Marcelo sobre a "capacidade interpretativa" dos portugueses!
Mais uma vez, enganou-se sobre os portugueses.
Os portugueses, na altura, (1972) é que se iludiam, cada vez menos, sobre Marcelo!